A questão mais básica na escolha do seu cabo, e que pode jogar fora uma compra mal feita, é o comprimento correto do cabo.
O jeito mais seguro é sempre medir o que já está em uso – presumindo que ele esteja com o comprimento adequado, sem ficar curto, dificultando a operação, nem sobrando demais no “rabo”, ocupando mais espaço, pesando mais e mais facilmente enroscando em outras peças e cabos. Mas algumas vezes não é possível fazer isso e para essas situações existem algumas “regras de bolso” que podem ajudar.
Comprimento
Adriças: as da vela mestra em geral devem medir 2,5 a 3x o tamanho do mastro. Lembre sempre de medir o mastro de acordo com o local onde a adriça passa, que pode ser acima ou abaixo do convés dependendo da fixação do mastro. Já para as adriças de genoa e de balão é preciso primeiro observar se vão até o topo ou se são mais curtas, com a saída da adriça saindo antes do tope na altura do mastro.
Escotas: cada barco possui diferentes sistemas de escotas, com mais ou menos reduções, que podem passar por lugares bastante diferentes. A escota da mestra, por ter sistemas muito diferentes, não tem uma regra de bolso a seguir. Já as escotas da genoa devem ter entre 1,5 e 2x o tamanho do caso, enquanto as do balão devem ter entre 2 e 2,5x.
Cabos de âncora: seu comprimento depende diretamente da profundidade das águas onde se pretende navegar. A regra para ancorar com segurança é sempre calcular de 5 a 8x a profundidade, permitindo que o cabo de âncora fique em um ângulo adequado para não correr o risco de a âncora se soltar do fundo. Se o local de navegação do seu barco tem 10m de profundidade, você deve ter um cabo de âncora com no mínimo 80 metros para poder ancorar em situações de mau tempo com segurança.
Bitola (diâmetro)
A definição de bitola sempre dependerá do esforço a ser empregado pelo cabo, ou seja, pela carga que sofrerá durante seu uso. Cabos com muitas reduções e/ou em aplicações que exigem pouca força serão sempre mais finos do que cabos com ligações “diretas”, sem reduções em moitões e catracas, ou com muito esforço de carga exigido.
A bitola também será influenciada pelo material do cabo. Cabos feitos de materiais mais sofisticados como HMPE (Spectra/Dyneema), Aramida (Kevlar/Technora) ou (Vectran) sempre poderão ser mais finos do que cabos feitos de poliéster, por exemplo, devido às suas características técnicas.
Ainda assim, quanto mais fino for o cabo, mais esforço e dificuldade terá o velejador operando esse cabo. Portanto, mesmo que a carga de um cabo de HMPE de 4mm seja suficiente para uma escota da genoa, por exemplo, operar esse cabo nessa aplicação seria de um esforço desproporcional para o trimmer.
Em geral, adriças e escotas de genoa são os cabos mais grossos, por terem maior esforço e menor quantidade de reduções. As adriças de um barco de 30 pés costumam ter diâmetro entre 8mm (cabos de HMPE) e 10mm (cabos de poliéster). Escotas de balão tendem a precisar ser mais leves, motivo pelo qual tendem a ser mais finas que as de genoa, podendo ter até 6mm para ventos mais fracos e/ou barcos menores. Já as escotas da vela mestra costumam ter muito mais reduções que as da genoa e balão, motivo pelo qual também costumam ser mais finas que as adriças.
Já os cabos de ancoragem e amarração costumam ser mais grossos, por serem feitos de material mais elástico e com menos capacidade de carga, variando de 12 a 20mm de diâmetro em média.